terça-feira, 8 de julho de 2008

Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos Das horas que passei à sombra dos teus gestos Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos Das noites que vivi acalentando Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo Trago a doçurados que aceitam melancolicamente.E posso te dizerque o grande afeto que te deixoNão traz o exaspero das lágrimasnem a fascinação das promessas Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...É um sossego, uma unção,um transbordamento de caríciasE só te pede que te repouses quieta,muito quietaE deixes que as mãos cálidas da noiteencontrem sem fatalidadeo olhar estático da aurora.

Vinícius de Moraes

Nenhum comentário: